Sobre estar presente

Uma das coisas que tenho tentado praticar ultimamente é estar mais presente. Em relação a cada momento que vivo, como uma conversa com um amigo, uma aula na faculdade, um momento de leitura ou uma refeição. Com a correria do dia a dia e a quantidade enorme de informações que chega até nós a todo momento fica fácil se distrair do que é importante, e se concentrar em uma coisa só parece quase impossível.

Quando chegamos ao final do dia temos tantas informações na cabeça, que nos perdemos das que realmente são importantes. As inúmeras coisas que vimos no facebook, nos jornais, nas revistas. Fica fácil saber com que roupa fulano foi pra balada ontem, a última aquisição de sicrano e onde estava beltrano durante a tarde. Mas, e quanto as memórias realmente importantes? Aquelas relacionadas a você e ao seu precioso e exclusivo tempo de vida? Você almoçou na frente do computador, tão distraído e apressado que sua 1 hora de almoço pareceu um minuto, mal sentiu o gosto delicioso daquele fettuccine com camarão incrível e mesmo assim comeu o dobro do que precisava para seu corpo se sentir satisfeito. Você não via aquele amigo de escola desde que se formou e quando finalmente teve um encontro de 2 horas com ele, passou o tempo todo dividido entre ele e o celular que não parava de apitar.

A nossa mente também vive nos sabotando nesse sentido. Quantas vezes você não se pegou pensando na louça que teria pra lavar quando chegasse em casa ou nas contas pra pagar no dia seguinte, bem no meio de uma sessão de cinema ou um jantar em família? Muitas vezes nosso corpo está presente mas nossa mente está muito longe. E depois de um tempo, quando tentamos nos lembrar de momentos bacanas, descobrimos que não registramos muita coisa por estarmos dispersos. E ficamos surpresos. Eu fiquei quando percebi isso. Surpresa por perceber o quão idiota a gente é quando não aproveita um momento de prazer - qualquer um - que nunca mais pode se repetir. E quando não tiramos até a última gota de proveito daquela oportunidade única que recebemos e principalmente quando não mergulhamos no mais profundo daqueles sentimentos e sensações maravilhosos que algumas coisas, pessoas e/ou situações nos proporcionam.

Quero dizer que fica fácil querer viver em vários lugares ao mesmo tempo - e achar que está dando certo - quando na verdade, não se está vivendo por inteiro em nenhum. Se a vida fosse um filme eu daria replay em várias cenas e viveria outras em câmera lenta. Mas ela não é. Então peço (inclusive para mim) um pouco mais de cuidado. Peço que você experimente fazer as coisas com um pouco mais de calma, um pouco mais de alma. Desligue o celular. Saboreie melhor o café, leia com paciência (alguns livros devem ser degustados e não devorados), coma prestando atenção na comida, olhe pela janela só para ver a cor do céu, o formato das nuvens. Abrace quem você ama sem outro motivo que não seja esse amor, ouça alguém que precisa, fale com quem quer te escutar, RIA com os lábios, os dentes, os olhos, a alma. Seja inteiro.



Para ler ao som de: Paciência - Lenine


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