O que é estar aberta para a vida?

Fonte da Imagem: https://www.pinterest.com / Ilustração: Malena Flores

"A sua estrada é somente sua. 

Outros podem acompanhá-lo, 

mas ninguém pode andar por você." 

Rumi

Decidi escrever porque estou com essa pergunta martelando na minha cabeça desde que cheguei. Saí com uns amigos e, durante uma conversa, uma amiga me disse "você não está aberta para a vida" e antes que eu pudesse pensar sobre isso eu me peguei logo concordando. Acho que porque no fundo (ou já na superfície mesmo) eu também sei que não estou.

Parei para pensar agora sobre o que seria "estar aberta para a vida" e embora possa caber infinitas definições aqui, eu posso escolher algumas. Mas, primeiro: O que é a vida? Tá, é uma pergunta muitíssimo ampla, abstrata, vaga e filosófica. Mas, vou arriscar uma resposta momentânea, genérica e pessoal: A vida é esse monte de sentimentos, pensamentos, pessoas, relacionamentos e situações com os quais temos que lidar todos os dias.

Então é isso, eu realmente não me sinto pronta e muito menos aberta para a vida. Eu não sei lidar com os meus sentimentos e pensamentos, tenho medo de enfrentar mudanças e fujo de relacionamentos (principalmente amorosos). Eu estou firmemente agarrada a minha zona de conforto que, aliás, não é nada confortável de verdade, mas, é onde eu me sinto mais segura por já conhecer o local. Aqui eu sei que perigos enfrento. Eu já conheço a dor, o medo, a frustração e a comiseração. Eu sei que quase tudo pode ser resolvido com alguns comprimidos, uma xícara de chá, alguns travesseiros e uma noite de sono. Eu sei que sempre que a vida se tornar pesada demais eu posso me esconder nas páginas de um livro qualquer ou me perder em séries aleatórias. Eu sei onde e como encontrar o meu pedaço particular de Deus; as músicas, as palavras, A palavra. Aqui eu sei que posso chorar, gritar, sofrer, reclamar e depois voltar a ser, nem que seja minimamente, a versão boa de mim.

Mas, e lá? Lá, onde eu não conheço; onde eu não vejo, além do horizonte. O que seria de mim do outro lado do rio? Não posso mentir e dizer que não sinto vontade de ir até lá, mas também não posso negar que o medo me impede de nadar. O MEDO, uma palavrinha tão pequena e um sentimento tão grande, agonizante e sufocante. Às vezes, sinto que não posso me mexer, não posso respirar. Mais cinco minutos e posso pirar, isso sim. Me pergunto: Como foi que eu me enfiei nessa situação? Quais foram as escolhas que me afundaram? Não sei. Têm coisas que não dependem de nós ou pelo menos não parecem depender, vai saber.

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Mas, o que vai ser de mim se eu não sair da minha prisão do meu abrigo? E se eu não sair? Tudo vai depender da minha coragem? É isso mesmo? Sinto que estou "frita" se for assim. Sou ótima em me subestimar; tanto que nem acho que estou me subestimando.

Meu coração está cercado por muralhas tão grandes quanto as de Jericó. Meu eu não tem liberdade para se desenvolver no meu corpo; ele não corresponde. Sinto que estou toda errada e isso faz as coisas a minha volta ficarem - ou ao menos parecerem - erradas também. Não tenho certeza das minhas escolhas, duvido da minha capacidade em praticamente tudo e me falta coragem para enfrentar a dor já conhecida e a desconhecida também. Esta última principalmente.

Um ano novo chegou e gostaria que tivesse trazido junto com ele um novo eu para mim. Mas, não trouxe. Eu ainda sou eu, ainda estou aqui, com os mesmos defeitos e os mesmos problemas. Não estou satisfeita comigo e não tenho atitude e força suficientes para me transformar. E, ok, Deus pode me transformar, mas, como, se eu nem consigo me ajudar? Não estou aberta para a vida, não estou aberta para o amor. E tudo que pode vir de bom na vida vem do amor. E nem estou me referindo ao amor romântico, mas ao amor por Deus. pela vida, pelas pessoas e pelas coisas que fazemos. Não estou aberta para receber amor e nem para dar. Pelo menos não completamente, não da forma como eu gostaria, como eu poderia. Aqui dentro, nada entra, nada sai, tudo se retrai.

Bom, é isso. Acho que deu para perceber que este não é um texto de respostas, é um texto de perguntas. Tantas quantas existem na minha vida. Se você chegou até aqui porque esperava uma conclusão, me desculpe. Se conseguiu apenas compreender o meu desabafo, obrigada.