MINHA HISTÓRIA - PARTE 2

Eu estava sozinha. Eu tinha terminado. Eu tinha sido a pessoa traída, enganada. Não podia aceitar isso, não podia abrir mão da minha dignidade por um relacionamento que já andava de muletas. Mas eu ainda estava apaixonada. E depois que a raiva passou eu queria que ele me pedisse para voltar, que corresse atrás de mim, que justificasse a minha vontade de estar com ele novamente já que eu não podia ir atrás. Mas, ele não veio (graças a Deus). Mas, eu ainda gostava dele e acho que continuei gostando por quase 2 anos depois disso. Mas, okay, a vida continuou. Depois que a terrível fossa pós-término passou, eu comecei a trabalhar, terminei o ensino médio, entrei na faculdade. Comecei a sair mais, conhecer pessoas, ir pra baladas, (embora não tenham sido muitas), bebi álcool pela primeira vez, experimentei cigarro (foi uma curiosidade estúpida e graças a Deus, eu odiei), conheci e fiquei com outras pessoas. Conheci o que queria conhecer, vivi o que eu queria viver. 

Mas, apesar de ter tido bons momentos, eu não era feliz. Eu não era satisfeita. Eu me decepcionei com o curso que escolhi na faculdade e com a própria faculdade. E eu sempre queria mais do que tinha, mais dinheiro, mais uma roupa, um carro, uma viagem, qualquer coisa que eu não tivesse. A minha vida parecia menor do que deveria ser, eu me sentia inferior a outras pessoas em muitos momentos. Eu vivia estressada, preocupada e triste, quando não estava me divertindo num fim de semana ou em um outro momento qualquer. Minha relação com a minha mãe estava tão ruim, nós discutíamos tanto que quando eu dormia na casa de uma amiga, nem tinha vontade de voltar para casa. Ela desaprovava as coisas que eu fazia, acreditava, falava. Parecia que ela desaprovava quem eu era. A minha vida parecia medíocre. 

E começou a parecer cada vez mais, pois eu tinha um problema de saúde gastrointestinal que não me deixava viver em paz. Eu comecei a ter muitas crises, sentia muita dor e desconforto, tive que ir para o hospital várias vezes, vivia a base de remédios para controlar essas dores e desconfortos. A primeira vez que essa doença deu sinais de vida foi quando eu tinha 13 anos e me trouxe também uma depressão profunda. E depois de 6 anos, a doença estava se manifestando novamente com força e somando a todo o resto na minha vida, mais uma vez me vi em depressão.

Eu estava no segundo ano da faculdade e já estava na hora de procurar um estágio, então eu sai do emprego que eu tinha para fazer isso. Mas, logo depois disso, as crises físicas e psicológicas de dores e depressão aumentaram muito. Havia meses em que eu estava melhor e conseguia sair com amigos, me distrair e tudo mais. Mas, ninguém sabia o que acontecia quando eu estava em casa, sozinha no meu quarto. As pessoas viam meu sorriso nas fotos e minhas piadas em uma festa. Mas, elas não viam como estava o meu coração, não ouviam o que estava na minha mente.

Chegou 2014 e provavelmente esse foi o pior ano da minha vida. Tudo que estava ruim ficou ainda pior. Eu não conseguia trabalhar, ia cada vez pior na faculdade, peguei várias DPs, passei mal lá e tive que ser levada para o hospital de viatura. Passava mal quase todo dia e faltava muito nas aulas. Estava mais depressiva que nunca, tinha crises de ansiedade, não saía mais, me afastei dos meus amigos... eu não vivia e era profundamente infeliz. Eu queria deixar de existir, queria me jogar na frente de um carro, às vezes. A minha vida paralisou.

Foi nesse ano que eu comecei a ir novamente na igreja de vez em quando. Em parte para agradar a minha mãe que me chamava e em parte pelo meu desespero. Eu precisava de um consolo, uma esperança, qualquer coisa. No começo eu ia e ficava sentada quase o tempo todo, não sentia nada. Nem parecia que aquele lugar já tinha sido quase a minha segunda casa. Mas com o tempo, alguns cultos começaram a fazer sentido para mim, eu comecei a sentir alguma coisa além de tédio e dúvida. Foi nesse ano também em que eu voltei a abrir a bíblia esperando que Deus falasse comigo de alguma forma; que as minhas mãos abrissem no livro certo para mim. Mas, era muito difícil falar com Deus, me aproximar Dele. Tinha muita coisa entre a gente... muitos sentimentos, pensamentos, dúvidas.

Até que, numa tarde qualquer no final daquele ano, eu estava ouvindo música no youtube e começou a tocar uma que eu nunca tinha ouvido: Eu me rendo - Versão do Leonardo Gonçalves. Cara. Eu me apaixonei. Me apaixonei por aquela letra, melodia, voz. Era como se o muro de pedra que existia entre Deus e eu tivesse desmoronado um pouco naquele momento. Eu só queria ouvir e ouvir de novo aquela canção e sentir o que eu estava sentindo. Essa música me levou a outras músicas dele; todas do DVD Princípio. E eu só me apaixonava cada vez mais por cada uma delas. Depois disso comecei a procurar entrevistas e textos dele e ficava em êxtase com tudo que lia e ouvia. Eu não me apaixonei pelo Leonardo. Eu me apaixonei pelo que Deus estava ministrando ao meu coração e à minha mente através da voz e das palavras dele. Eu estava impressionada com a forma como Deus estava usando a vida de uma pessoa que eu nunca tinha visto na minha vida para Se aproximar e começar a Se revelar a mim. A música sempre foi muito importante para mim. E sabendo disso, foi ela, a primeira coisa que o meu Pai usou para tocar o meu coração pela primeira vez depois de tudo que já tinha acontecido e do quanto eu tinha me afastado.

Foi nesse clima que se iniciou 2015. O ano começou como um amanhecer da minha vida. Voltei a sentir a presença de Deus e Ele me trouxe uma esperança. A esperança de algo melhor. Eu melhorei muito fisicamente e psicologicamente comparado ao ano anterior. Mas, a minha vida não tinha sido resolvida em um passe de mágica e eu não conseguia manter a constância. Alguns dias/meses eu estava bem, falava com Deus, tentava senti-lo, ia a igreja, saia... e em outros dias/meses eu estava péssima, não queria ir a lugar nenhum e, como antes, odiava a minha vida e a mim. Mas, agora havia uma diferença: durante todas essas fases, boas ou ruins, eu sabia para quem tinha que correr. Eu sabia quem era a única pessoa que poderia me socorrer: Ele.










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